"Je suis Irresponsable"

14:53:00

Je suis aussi CHARLIE!



Finalmente, chegou às minhas mãos o polémico, o sátiro, o irresponsável, o jornal do momento. O jornal que, vejam só, deu origem a um massacre, com o resultado de 12 mortes diretas, por apenas  fazer jus à liberdade de expressão na forma sátira. Confesso, que ainda não tinha visto o jornal, apesar de já haver cópias online, e ainda não me tinha pronunciado, por não ter ainda a percepção visual do mesmo.

O que será mais grave, satirizar assuntos que, como qualquer assunto, uns são a favor, outros são contra, ou simplesmente matar, massacrar em massa sem dó nem piedade? Meus Deus, até onde vai o limite do ser humano? Da crueldade da humanidade?

O jornal sempre foi polémico, devido à extrema sátira que faz, mas será que não faremos todos, um pouco de sátira, inconscientemente? Vários têm sido os confrontos, com o jornal desde 2006, principalmente, pela caricatura sátira, que é habitual o jornal fazer, sobre o profeta Maomé, acompanhadas com frases como:

"100 chibatas se você não morrer de rir"
"é duro ser amado por estúpidos" 


Os fundamentalistas, entendem isto, como uma afronta e não se conformam, fazendo várias investidas de atentados desde 2006. Mas será, que esta forma de violência, vale até tirar a vida?


Contudo, o jornal Charlie Hebdo, continua em força com a publicação habitual de crónicas e relatórios sobre economia, politica, sobre a sociedade francesa, a controvérsia com o Islamismo, Judaísmo, cultura, jornalismo investigatório sobre a extrema-direita, catolicismo, seitas, terrorismo islâmico, hierarquia judaica... Igualmente ilustrativo, sob a forma sátira que é habitual, sobre os temas que sempre se debruçou.




Após o massacre brutal e "de extrema covardia", por parte dos terroristas fundamentalistas, tal como o Presidente Francês, François Hollande descreveu, considero a forma de manifestação e a capacidade de continuar do jornal, de tremenda CORAGEM. Pela capa, vemos a sátira mais uma vez ao profeta Maomé, ilustrado com a tabuleta "Je suis Charlie" e que mesmo assim "tout est pardonné"! Apesar de forte, valorizo, esta forma ironizada e a capacidade de luta e aceitação!

Para infelicidade dos Islamistas e para infelicidade das vítimas, o sucedido, fez com que o jornal saísse da pré-falência, com financiamentos do governo e do Fundo da Imprensa, o que valeu para continuar em força.


Em forma de movimento, protesto e manifesto, a frase "Je suis CHARLIE" tornou-se viral, em solidariedade pelas vitimas do massacre e contra a covardia de outros. 


Liberté, Egalité, Fraternité...

É curioso, este lema da Revolução Francesa, grito ativista em prol da democracia liberal ou constitucional. Estes são 3 princípios encontrados em obras de autores católicos do séc XVII, com um sentido muito idêntico:

"a igreja reúne os homens em fraternidade, que os religiosos vivem em igualdade por não terem propriedades, que os fieis vivem na caridade, na santidade e liberdade cristã"
Santo Agostinho


Mas num impulso ateísta, hebertista, num "culto da razão", surgem as seguintes palavras:

"unidade, indivisibilidade da Republica, liberdade, igualdade, fraternidade ou a morte"
Antoine-François Momoro (1973)

Podemos ver que a controvérsia de ideais, já vem desde os tempos da revolução, até à ocupação alemã na França na II Guerra Mundial, com o lema a ser substituído por:

"Travail, famille, pátrie"
(trabalho, família e pátria), para assim, evitar possíveis má interpretações.


Deixo apenas estas questões: 

Até onde vai o limite da liberdade de expressão? 
A liberdade de uns pode terminar com a morte de outros?


"A minha liberdade termina quando começa a tua...
Se não soubermos respeitar os outros, o seu espaço e a sua liberdade, também não teremos direito a ser livres."  


Terei eu Liberdade para isto??? Já está dito!

Je suis Irresponsable!
With sun kisses,
Elisabeth Mota

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