“O Espírito Natalício que há em mim”

13:44:00

Existem várias formas de entrar em modo Natalício, esta foi a minha… 



Já vos tinha falado aqui no blogue, da campanha “Despir o Preconceito”, pois bem, este ano iniciei as minhas compras de Natal com a aquisição de lindos postais e chocolates como os das fotos.

Criados através da Mysugar, em associação com a campanha “Despir o Preconceito”, foram transportadas as imagens com as frases inspiradoras, tornando assim os chocolates para além de deliciosos muito mais bonitos.

Para quem quiser adquirir estes chocolates, pode adquirir através da Mysugar aqui, em que uma percentagem do valor reverte para a ajuda de instituições que trabalham com crianças, com cancro, em fase de tratamento.

E neste Natal não sejam apenas materialistas, sejam também solidários!

Desde 2013, que estas lindas imagens percorrem as cidades do país, em mupis que embelezam ainda mais as ruas e paragens. Provavelmente, já se cruzaram com as lindas mulheres destes mupis!



Já vos falei da Áurea, a minha modelo preferida da campanha, porque para além de uma amiga é para todas as mulheres um exemplo de luta e coragem.

Vivemos numa Era de consumismo, esta é uma época em que deveríamos dar mais importância às pessoas à nossa volta, às pessoas que realmente nos fazem bem e nos acrescentam vida.

Natal não é apenas presentes, Natal é amor, junção, união, convívio, lareira acesa, meias quentinhas, mimos, carinho, partilha e muito mais! Este facto deveria ser útil para esta época e para transpormos para o nosso dia-a-dia.


E neste Natal inspirem-se em pessoas como esta que vos trago a conhecer.


A Minha História, por Áurea Ferreira:


O meu nome é Áurea, tenho 40 anos, sou Enfermeira e vivo no Porto, em Portugal.
Em Dezembro de 2012 descobri um nódulo na mama direita, fiquei a pensar no que seria, e como tinha a minha mãe que também teve cancro da mama, fiquei logo a pensar que seria algo similar.
No dia seguinte fui trabalhar para o hospital e fui ao grupo da mama para tentar saber o que se passava, fizeram-me mamografia, ecografia e biopsia e fiquei a aguardar o resultado e apesar de termos sempre esperança que tudo vai correr bem, interiormente já sabia o resultado da biópsia.
Passado uma semana veio o resultado: carcinoma invasivo ductal na mama direita, chorei, interiorizei, respirei fundo e decidi que tinha de lutar e resolver tudo o mais rapidamente possível.
Marquei consulta, conversei com a cirurgiã que escolhi para me operar e depois de esclarecidas todas as dúvidas, marquei a cirurgia. Fui operada no dia 21 de Janeiro e realizei tumorectomia com pesquisa de gânglio sentinela, um dos gânglios apresentava células suspeitas, mas os outros dois eram negativos por isso não foi realizado esvaziamento axilar.
Estive internada 4 dias e depois aguardei os resultados da anatomia e das análises para decisão dos tratamentos adjuvantes.
Recebi os resultados, e confirma-se que o meu tumor era de alto risco de recidiva e seria necessário realizar quimioterapia e radioterapia.
Realizei seis sessões de quimioterapia, três de FEC (vermelha) e três de docetaxel, que apresentam efeitos secundários diferentes.
Iniciei quimioterapia a 8 de Março de 2013 e no início não tive grandes efeitos secundário, essencialmente cansaço e alterações do padrão do sono, contudo no dia 19 de Março fiz uma neutropenia com 40º de temperatura e por baixa de defesas, tive de ir ao hospital e iniciar antibioterapia e isolamento.
Devido a isso em todas as sessões de quimioterapia tinha de tomar uma injecção que me fazia estimular a produção da medula e aumentar as defesas, injecção essa que provocava grande cansaço e dores no corpo.
As primeiras 3 sessões de quimioterapia foram mais fáceis, as últimas três foram muito pesadas, tinha grande intolerância ao ruido, dores nas articulações, ossos e músculos que me impediam muitas vezes de abrir uma simples garrafa e nem com medicação forte elas diminuíam….contudo nem toda a gente reage da mesma forma.
Terminei quimioterapia a 18 de Junho e iniciei 25 sessões de radioterapia diária (segunda a sexta) no dia 17 de Julho que terminaram a 16 de Agosto.
Como o meu tumor é hormonal faço medicação, um comprimido de tamoxifeno diário durante 5 anos. Realizei fisioterapia para uma maior mobilidade do braço, limitação provocada pela cirurgia e radioterapia. E claro, tenho as consultas de acompanhamento, os exames que me irão acompanhar sempre.
Realizei os testes genético em virtude de na família eu e a minha mãe termos cancro da mama e o meu pai cancro da bexiga, mas os resultados foram negativos.

Relativamente à queda do cabelo foi uma coisa que reagi bem, apesar de na altura ter o cabelo comprido e gostar de cabelos compridos, passado uma semana de iniciar a quimioterapia o cabelo começou a cair, cada vez que penteava ia saindo uma mecha, até que dia 18 de Março fui rapar e sai com a peruca que já tinha escolhido, contudo nunca foi uma opção, andei com ela meia dúzia de vezes, em casamentos, festas e pouco mais, normalmente andava sempre de lenços, turbantes, e nunca me incomodou o que os outros pensavam, claro que tentava sempre arranjar-me, porque quando ficamos sem cabelo, sem sobrancelhas, sem pestanas, ficamos com a cara, como as Brasileiras dizem, de minhoca e então eu maquiava-me, colocava pestanas postiças, usava lenços bonitos e tentava apresentar uma imagem de mim o mais possível do que eu era, mas essencialmente fazia isso para me sentir bem e fazia isso por mim, porque o impacto nos outros por vezes é complicado, o cancro é sempre associado a morte, e nunca quis que me vissem como uma “coitadinha”, mas sim como alguém que estava a lutar e que ia vencer.

Claro que não vamos dizer que são tempos fáceis, claro que não, tive períodos de frustração, de lágrimas, períodos de saudades minhas e daquilo que eu era e do que fazia, mas sempre acreditei que ia vencer e tive uma família excepcional que me apoiou e aturou, porque literalmente regressei a casa dos pais durante os tratamentos.


E tive um grupo de amigos que foram os meus pilares, que me acompanharam em todos os momentos, em todos os tratamentos, que me encheram o telefone de mensagens, telefonemas, o facebook de mimos, a casa de visitas, no fundo é nestas alturas que os nossos verdadeiros amigos se revelam e tive revelações fabulosas e que nunca poderei agradecer tudo o que fizeram por mim, mas também sei que eles não querem agradecimentos porque a amizade é mesmo assim.

Neste percurso participei na campanha “Despir o Preconceito” realizada pelo designer Filipe Inteiro que pretendia mostrar os sorrisos fantásticos de pessoas inspiradoras, retractando através da fotografia os efeitos colaterais inerentes ao cancro e aos seus tratamentos, desmistificando o preconceito associado à doença.


Fiz e faço parte deste projecto porque sempre acreditei que temos de desmistificar a associação do cancro/morte, e a queda do cabelo que é o factor mais evidente para os outros, porque eu resolvi-me muito bem com a minha queda do cabelo, o problema estava nos outros, nós temos de nos preparar para os olhares dos outros, e esta campanha veio um bocado de encontro a isso, porque nós por termos cancro, por estarmos doentes não somos pessoas diferentes, apenas estamos a passar um fase que acreditamos que vai terminar, e o cabelo vai crescer e não interessa se vai ser de uma cor diferente, isso para mim nada interessa, o que interessa é que não queremos olhares de pena, atitudes de “coitadinha”, mas sorrisos e palavras de esperança.
E também o alertar para que o cancro existe, que temos de fazer rastreios, temos de nos preocupar connosco, temos de ir ao médico, temos de lutar porque este é um processo penoso e a prevenção e o diagnóstico precoce é muito importante.





A Campanha tem estado presente em Exposições e em mupis de rua em várias cidades do país.
Estivemos também presentes em programas de televisão a dar o testemunho e apresentar a campanha.






E a mensagem de Áurea para este Natal é:

"Que este Natal seja um momento de partilha e de alegria em que possamos agradecer e vivenciar o dom da vida com aqueles que mais amamos"



Uma história de vida e um Exemplo a seguir!
Visitem a página da Campanha "Despir o Preconceito" aqui



With sun kisses,
Elisabeth Mota

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